À noite com Job,
sob o céu de Calar Alto
Como um Deus incompreensível
confundido pela própria
argumentação
perguntando: “Onde é que eu ia?”
Como uma pergunta
a que só é possível responder
com novas perguntas.
Como vozes ao longe discutindo:
“Alguma vez deste ordens à manhã,
ou indicaste à aurora o seu lugar?”
Como um filme
em que tudo acontecesse
na escuridão do espectador.
Como o clarão da noite última
e vazia que abraça pela cintura
a jovem luz do dia.
Manuel António Pina, Público, 13-05-2011, p. 4
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